segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Quatro práticas da igreja primitiva que não podem ser esquecidas - Parte 3


 "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações". Atos 2:42


O partir do pão.

As refeições exerciam um significado muito grande no AT. As festas no AT freqüentemente,  se vinculam com refeições religiosas, que podem se descrever como: “comendo diante do Senhor e se alegrando” (Dt 12:7). A comunhão à mesa liga o homem a Deus e diante de Deus (Ex 18:12; 24:11). Uma refeição freqüentemente desempenha um papel ao concluir-se uma aliança secular (Gn 26:30; Js 9:14-15), onde Deus estava presente como hóspede invisível. Foi com uma refeição que Jacó e Labão selaram seu pacto de paz (Gn 31:46,54), e Moisés, seu sogro e os anciãos firmaram sua associação (Ex 18:12), Gaal e os siquenitas sua conspiração (Jz 9:26-41), e o povo seu acordo com o seu rei eleito (1 Sm 11:15; 1 Rs 1:25,41; 1 Sm 9:22). A comunhão à mesa significava que era outorgado o perdão (2 Sm 9:7; 2 Rs 25:27-30), a proteção (Jz 19:15) e a paz (Gn 43:25). Quebrar a comunhão da mesa era o mais detestável dos crimes (Jr 41:1-2; Sl 41:9).

A Páscoa

A refeição da Páscoa teve sua origem no período nomádico de Israel. Um cordeiro ou um cabrito de um ano de idade (Ex 12:5) era morto pelo chefe da casa no dia 14 de Nisã, ao pôr do sol (Ex 12:6), “entre o entardecer e a escuridão”. Seu sangue era espalhado nas ombreiras das portas, sua carne era assada e comida pela família durante a noite de 14-15 Nisã (Ex 12:8-9). Depois da tomada de Jerusalém, a matança dos cordeiros da Páscoa, bem como a refeição da Páscoa eram realizadas em Jerusalém (Dt 16:5-7; 2 Rs 23:21-23). A refeição judaica da Páscoa, nos tempos de Jesus, relembrava as casas marcadas com o sangue dos cordeiros da Páscoa, que foram poupadas por isso, e a redenção da escravidão no Egito. Ao mesmo tempo, a refeição da Páscoa antecipava a redenção futura, da qual a redenção do Egito era o padrão.
Participar da comunhão da mesa significava participar da benção de Deus. A oração no começo da refeição, e as ações de graça no seu fim tinham esse significado. O chefe do lar tomava o pão e pronunciava sobre ele a benção em nome de todos que estavam presentes. Depois, quebrava o pão que abençoara, e dava um pedaço a cada pessoa assentada à mesa. Desta maneira, todo participante da refeição recebia uma participação da benção. Seguia-se uma benção após a refeição. O chefe do lar pegava uma taça de vinho, a taça da benção (1 Co 10:16), e pronunciava uma benção em favor de todos os presentes. Depois, todos bebiam da taça da benção, a fim de receberem uma parte da benção pronunciava sobre o vinho.  O emprego do vinho numa refeição comum não era obrigatório, mas a benção final era.
A Páscoa, mesmo antes dos tempos de Jesus, já seguia uma liturgia que era observada rigorosamente, porém, para que o artigo não fique muito cansativo e fuja do alvo que queremos alcançar, a Ceia do Senhor, propomos uma pesquisa sobre o assunto por parte do leitor, e no futuro podemos abordar o assunto em outro artigo. Dada esta introdução sobre refeições e a Páscoa, passemos então a tratar sobre a Ceia do Senhor.

A ceia do Senhor e o ambiente histórico da Páscoa

As narrativas sinóticas concordam que a Última Ceia de Jesus era uma refeição da Páscoa (Mt 26:17; Mc 14:12,14,16; Lc 22:7,11,12,15). Segundo estas, Jesus foi crucificado no Dia da Páscoa (15 Nisã). A execução num dia de festa tão solene não era historicamente impossível, pois em casos de crime muito sério, a execução tinha de ser levada a efeito “na festa” (Dt 17:13; 21:21) diante de todo o povo, em 15 de Nisã.  Conforme João, quando Jesus foi acusado diante de Pilatos, os cordeiros da Páscoa ainda não tinham sido comidos (Jo 19:14). Mesmo assim, o equilíbrio da probabilidade parece pender para a apresentação nos Sinóticos, pois João estabelece o momento da morte de Jesus como sendo aquele em que os cordeiros da Páscoa estavam sendo abatidos no Templo, e ele claramente quer fazer da sua cronologia um comentário sobre o significado da morte de Jesus, isto é, Jesus morreu como o verdadeiro Cordeiro da Páscoa (Jo 1:29; 19:36; Ex 12:46; Nm 9:12; 1 Co 5:7). Várias discussões são levantadas em torno da questão cronológica da celebração da Páscoa entre Jesus e os discípulos e conseqüentemente a Última Ceia, ou a instituição desta para os dias futuros.  Mas o que nos interessa saber aqui é que não apenas a situação histórica da narrativa mais antiga da Paixão sugere que a última refeição de Jesus foi realizada dentro do arcabouço de uma refeição da Páscoa, como também as próprias palavras litúrgicas da instituição.
O termo “Ceia do Senhor” ocorre somente em 1 Co 11:20. Quanto ao significado, relaciona-se estreitamente com a frase “a mesa do Senhor” (1 Co 10:21). A Ceia foi-nos instituída de 4 formas (Mc 14:22-25; Mt 26:26-29; Lc 22:15-20; 1 Co 11:23-25). Os estudiosos opinam que as versões diferentes das palavras de instituição representam em cada caso o texto litúrgico confiado ao escritor pela sua própria comunidade. As palavras de instituição, na forma na qual as temos, portanto, pertencem ao âmbito da liturgia e “por detrás de cada forma há, por assim dizer, uma congregação celebrante para a qual era destinada” (G. Bornkamn). 

A Ceia do Senhor e a refeição da Páscoa

A Última Ceia de Jesus foi, com toda probabilidade, uma refeição da Páscoa. Pronunciou as palavras de instituição no âmbito da Sua última celebração da Páscoa e “claramente Se referia a muitos aspectos da festa, assimilando alguns, e mudando outros.Quando, como chefe da família, passou o pão para todos antes da refeição principal, acompanhou-o com uma palavra de explicação, e, da mesma forma, mais tarde, o cálice” (W.Marxsen). O cálice em referência foi o terceiro cálice “depois de cear” (Lc 22:20; 1 Co 11:25), o “cálice da benção” (1 Co 10:16) da festa da Páscoa.

A Ceia do Senhor e a liturgia da igreja primitiva

O emprego litúrgico das palavras da instituição torna-se aparente no mandamento explícito no sentido de se repetir o ato (Lc22:19), e sua reduplicação por causa do paralelismo litúrgico (1 Co 11:24,25), no acréscimo de imperativos tais como “comei”, “bebei” (Mt 26: 26-27), na substituição da terceira pessoa “para muitos” (Mc 14:24) pela segunda pessoa por “vós” (Lc 22:20), que estreita a referência universal das declarações acerca do cálice (a morte vicária de Jesus em prol de muitos) até ser uma fórmula de distribuição, evitando aramaísmos e semitismos, que eram incompreensíveis aos cristãos gentios, e, não em menor importância, o desaparecimento dos aspectos históricos da refeição da Páscoa, que eram incompatíveis com a liturgia da igreja primitiva e da celebração regular da Ceia do Senhor.

Atos 2:42

Em Atos 2:42 descreve-se uma liturgia de culto cristão primitivo. Depois do ensinamento, que podia ser substituído pela leitura de uma carta, e de uma refeição em comum (koinõnia), seguia-se, imediatamente após, a Ceia do Senhor (klais tou artou, “partir do pão”), terminando-se com salmos e orações (proseuchai). O desenvolvimento litúrgico é visível no fato de que as declarações pronunciadas sobre o pão e o cálice já não se separam por uma refeição inteira, que acontece na versão paulina (1 Co 11:25 “depois de cear”; Lc 22:20), mas sim, a refeição inteira vem antes da Ceia do Senhor, que fica, portanto, autônoma em si. A separação entre a refeição e a Ceia do Senhor também se pressupõe em 1 Co 11. É aqui que fica a causa direta dos abusos em Corinto.
Para a Igreja primitiva a Ceia do Sennhor era o antítipo da celebração pascal da velha aliança. Esta celebrava o evento da libertação de Israel do Egito, mas “ao mesmo tempo, a Páscoa é uma expectação da libertação vindoura da qual a libertação do Egito é o protótipo. Jesus, ao celebrar a Páscoa, ou a Última Ceia (como queira) com os discípulos, deu um novo significado à festa judaica. Ele disse aos seus discípulos, mediante Suas palavras e o simbolismo profético de que usou, que o significado original do rito pascal fora então transcendido, em vista do fato de que ele é o Cordeiro que cumpre as predições e prefigurações do Antigo Testamento (1 Co 5:7). Suas palavras e suas ações, ao tomar o pão e o cálice são parábolas que anunciam uma nova significação para o rito. O pão, sob Sua palavra soberana, se tornou a parábola do seu corpo rendido ao serviço do propósito redentor de Deus (Hb 10:5-10); e o Seu sangue, derramado na morte, relembrava os ritos expiatórios do AT, o que foi simbolizado no cálice da benção sobre a mesa. Esse cálice, dali por diante, era revestido de uma nova significação, como memorial de um novo Êxodo, realizado em Jerusalém. A igreja primitiva compreendeu isto, por isso celebravam a Ceia do Senhor, o “partir do pão” com alegria, relembrando a morte vitoriosa do Senhor na Cruz do Calvário.
O assunto é muito vasto, porém, finalizando essa postagem, a Ceia do Senhor apresenta uma tríplice perspectiva: 1ª) passada, lembra um evento e revive sua realidade e valor; 2ª) presente, anuncia e dramatiza a obra redentora do Senhor, convocando a Igreja ao cumprimento de sua missão; e 3ª) futura, exorta seus participantes à espera do Senhor glorificado que virá consumar o plano de Deus. E, nessa tríplice perspectiva, a Ceia é o mais forte elo da unidade corporativa da Igreja cristã, “porque todos participamos do único pão” (1 Co 10:17).


Obs: Disponibilizarei em breve a última postagem desta série de 4 estudos sobre Atos 2:42. Nosso próximo asssunto será "oração".

Em Cristo, Vencedor eternamente,

Samuel Eudóxio

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Quatro práticas da igreja primitiva que não podem ser esquecidas - Parte 2


Comunhão - Koinõnia
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações". Atos 2:42


Dando continuidade as postagens de At 2:42 falaremos sobre comunhão.
Entre os muitos termos usados na Bíblia para a palavra comunhão, trataremos com o termo básico. No Novo Testamento, o termo variado traduzido como “comunhão”, “participar”, “contribuir”, “comum”, etc, origina-se da raiz grega koin.  Existem dois adjetivos, koinõnos (encontrado 10 x), e synkoinõnos (encontrado 4 x), que também são usados como substantivos; e existem dois verbos koinõneõ (8 x) e synkoinõneo (3 x); e semelhatemente o substantivo koinõnia (20 x).

Nosso objetivo na postagem não é nos apegarmos a termos gregos que originaram a palavra comunhão, mesmo porque, isto seria papel de um bom professor da língua ou conhecedor profundo dela, o que não é o nosso caso. Porém, sempre que estudamos a Palavra de Deus nos deparamos com palavras que se não recorrermos às suas origens nunca teremos um entendimento exato, ou pelo menos parcial, daquilo que a Escritura está falando. É desejo de quem vos escreve aprofundar no estudo destas línguas tão logo o Senhor me conceda esta oportunidade. Para o estudo em questão quero considerar koinõnia nos seguintes significados:

1 – “Receber uma partilha”

Com este significado podemos classificar, em primeiro lugar, os adjetivos que são usados para descrever sócios num empreendimento comum, por exemplo, a obra cristã (2 Co 8:23) e negócios seculares (Lc 5:10); ou para descrever aqueles que participam de uma experiência comum, por exemplo, perseguição (Hb 10:33; Ap 1:9); sofrimento (2 Co 1:7); adoração (1 Co 10:18), etc. Podem significar também aqueles que desfrutam em comum de certos privilégios, como é o caso de Rm 11:17. Há referências a uma participação comum nas realidades espirituais diretas em Fp 1:1; 1 Pe 5:1 e 2 Pe 1:4. 

“Comunhão” é participar com o outro em suas tribulações. Não apenas nos bons momentos, nas alegrias. Mas quando nosso irmão em Cristo passa por momentos difíceis, devemos auxiliá-lo. Esse tipo de “comunhão” está em extinção em nossos dias. Paulo escrevendo aos coríntios nos dá uma palavra de incentivo para participarmos, termos comunhão no sofrimento de outro irmão: “como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.” 2 Co 1:7. A luta do irmão ao nosso lado é nossa luta também, bem como nos alegramos também em suas vitórias. 

2 – “Dar partilha”

Os principais textos que apóiam koinõnia como “dar uma partilha” são: 2 Co 9:13 “pela liberalidade de vossos dons para com eles e para com todos”. “Contribuís” representa o grego tes koinõnias, que no contexto significa “generosidade”. Essa mesma tradução aparece em Fp 1:5, no qual o objeto da gratidão de Paulo a Deus era a generosidade dos crentes filipenses em seu apoio ao ministério apostólico, visando o progresso do evangelho. Tradução semelhante é usada em Fm 6.

Outra passagem que retrata bem esse significado de comunhão é Rm 15:26. Aqui o termo koinõnia torna-se prático, é a “comunhão” em ação, tendo como alvo a coleta que se fazia aos irmãos de Jerusalém. 2 Co 8:4. Dentro deste significado nós encontramos também o nosso texto base, Atos 2:42, que abordaremos a parte.

3 – “Compartilhar”

Sob este título, segundo o Novo Dicionário da Bíblia (Vida Nova), existem apenas três ocorrências possíveis, onde o termo koinõnia é usado de modo absoluto ou com a preposição meta (com). Essas ocorrências são: Atos 2:42; Gl 2:9 e 1 Jo 1:3.

4 – Koinõnia em Atos 2:42. Comunhão entre a comunidade cristã.

A koinõnia em At 2 :42 pode ser entendida num sentido absoluto, como parte essencial da vida de adoração. Havia quatro aspectos principais deste modo de vida. Neste caso koinõnia poderia ser traduzida “fraternidade litúrgica na adoração”. O termo expressa, no entanto, algo novo e independente. Indica a unanimidade e unidade levada a efeito pelo Espírito Santo. O indivíduo era completamente apoiado pela comunidade.

Sem dúvida, a igreja primitiva deve ter tido algumas preocupações financeiras. Os pescadores e camponeses que migraram na Galiléia teriam dificuldades em ganhar a vida na capital. Além disto, a situação econômica da Palestina foi se deteriorando por causa da fome e dos distúrbios contínuos. Sou sincero em confessar que já pensei que os crentes daquela época passaram por dificuldades financeiras por vender seus bens esperando a volta de Cristo para aqueles dias, culminando na dificuldade que sofreram. Hoje, volto atrás e sou convicto de que o empobrecimento da igreja primitiva não foi conseqüência do partilhar dos bens. Muito pelo contrário, a crise por que passava a Palestina levou a igreja a vender seus bens e partilhar uns com os outros para que todos tivessem como sobreviver. Quanta “comunhão”! As  coletas que Paulo trazia para Jerusalém eram expressão tangível da comunhão nas igrejas. A coleta tem implicações religiosas em 2 Co 9:13: “pela liberalidade com que contribuís (koinõnias) para eles e para todos”. A contribuição, pois, surge do evangelho único, que une judeus e gentios, e pertence ao mesmo dar e receber espiritual e material do qual Paulo fala em Rm 15:26.

5 – koinõnia é comunhão com Cristo

Paulo fala dessa comunhão com Cristo em algumas passagens. Vejamos: “a comunhão de Seu filho” (1 Co 1:9); “a comunhão do Espírito Santo” (2 Co 13:13); “a comunhão no evangelho” (Fp 1:5); “a comunhão da fé” (Fm 6);

Koinõnia em 1 Co 10:16 significa “participação” no corpo e no sangue de Jesus, e, portanto, união com o Cristo exaltado.

1 Pe 5:1 refere-se à participação pelo apóstolo e pela igreja no sofrimento e glória do Senhor ressuscitado. Qualquer pessoa que sofre perseguição e opressão por causa de seguir a Cristo pode ter a certeza de que ela atingirá, como seu Senhor, a vida, atravessando as tentações e a morte. O mesmo entendemos de Hb 10:33.

Conforme 2 Pe 1:4, os crentes são tornados “co-participantes da natureza divina”, “pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória” (v 3) e perseverança paciente.

Como vimos “comunhão” era algo essencial na vida da igreja primitiva. Sugerimos os estudo do assunto acompanhado de uma boa concordância bíblica e dicionários que poderão auxiliar na compreensão do assunto. Há outros termos que abrangem a palavra, porém achamos por bem adotar apenas os que foram expostos acima, que deduzimos ser de muita importância para uma boa saúde espiritual. 

Na próxima postagem falaremos sobre “o partir do pão” , dando continuidade ao estudo das “Quatro práticas da igreja primitiva que não podem ser esquecidas".


Em Cristo,

Samuel Eudóxio


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Quatro práticas da igreja primitiva que não podem ser esquecidas

Atos 2:42 - "E perseveravam na doutrina dos apostolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações."
 
 Nas próximas postagens abordaremos sobre quatro práticas (uma na verdade é uma ordenança da igreja - a ceia) da igreja primitiva que não podem ser esquecidas pela igreja do século atual. Em muitas igrejas esses bons costumes já foram deixados de lado a tempos, em outras, eles têm se esforçado para vencerem as inovações. Que o Senhor nos ajude a sermos melhores em Sua presença.



E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
Atos 2:42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
Atos 2:42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
Atos 2:42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
Atos 2:42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
Atos 2:42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
Atos 2:42


1 – Doutrina. (Ensinamento)


      Quando falo em doutrina, por favor não confunda com costumes denominacionais. Doutrina é muito mais que isso.

      Nossos dicionários descrevem “doutrina” como o conjunto de princípios de uma escola literária ou filosófica, de um sistema político, econômico, etc. Ou se você preferir são dogmas de uma religião ou tudo o que é objeto de ensino, disciplina.

      O que me impressiona é que com o propósito de implantar certos tipos de costumes nas igrejas, os homens, ao decorrer do tempo, tem usado a “doutrina” como pretexto, quando na verdade muitos deles estão longe de conhecer ou viver a verdadeira “doutrina dos apóstolos”. O resultado disto são igrejas fundamentadas sobre dogmas humanos e longe do ensinamento da Palavra de Deus.

       Nossa vida cristã deve partir da Palavra para a experiência, se for o contrário, o que fazemos é buscar textos bíblicos que justifiquem nossas atitudes. A grande maioria das seitas ou heresias surgem de experiências embasadas em um ou dois textos bíblicos. Por isso, o ensinamento é fundamental nas igrejas. Será que tem sido assim?

      Nos programas dos cultos atuais constam vários tipos de atrações para os mais variados gostos. Você encontra de tudo. Dança, teatro, apresentações musicais de diversos grupos, "stand up comedy" e pasmem, até artes marciais já foram introduzidas em algumas “liturgias”. Não quero dizer com isto que nosso culto deva ser engessado, cansativo, enfadonho. O que quero dizer é que nos envolvemos com tanta coisa e deixamos os últimos 10 ou 5 minutos dos cultos para a ministração da Palavra de Deus. (Aliás, tem muita coisa que não deveria mesmo fazer parte de nossos cultos) . Se você faz parte de uma igreja assim, desculpe minha sinceridade, não é uma igreja sádia. Precisamos seguir o exemplo da igreja primitiva. E deixe-me rebater seu argumento: a igreja é primitiva, não é primata!

      Eles “perseveravam na doutrina dos apóstolos”, ou seja, perseveravam nos ensinamentos. Precisamos de mensagens com mais conteúdo bíblico, urgente. Citarei alguns textos que nos aconselham a permanecer na boa doutrina, no bom ensinamento bíblico.



1 – Moisés desejava que sua doutrina gotejasse como a chuva;  que fosse  abundante. Dt 32:2

2 – O ensino da Palavra te livra de pecar. Sl 119:11

3 – A Palavra vivifica. Sl 119:50

4 – A Palavra de Deus é eterna. Sl 119:89

5 – A Palavra de Deus é luz. Sl 119:105

6 – A Palavra de Deus é pura. Sl 119:140

7 – A Palavra de Deus é verdade. Sl 119:160

8 – A Palavra de Deus é como fogo ou um martelo que esmiuça a penha. Jr 23:29

9 – Jesus testificou que a Palavra de Deus é a verdade. Jo 17:17

10 – Jesus disse que para ser discípulo tem que permanecer na Palavra. Jo 8:37

11 – Quem não dá ouvido à Palavra, não consegue entender a linguagem do evangelho. Jo 8:43

12 – As pregações da Igreja primitiva explanavam a Palavra. At 2:14-39; 3:12-26; 7:2-53; 8:35; 13:5; 13:16-44; 14:7; 16:13,32; 17:2,3,19-33 (…)

13 - “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” Rm 10:17

14 – A Palavra de Deus santifica. 1 Tm 4:5

15 – A Palavra de Deus é viva e eficaz. Hb 4:12

16 – João orienta para não receber aquele que traz doutrinas heréticas. 2 Jo 7-11



Conselhos de Paulo nas cartas pastorais:



1 - “Retendo firme a fiel palavra...” Tt 1:9

2 - “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina.” Tt 2:1

3 - “Em tudo te dá por exemplo de boas obras; na doutrina mostra incorrupção, gravidade, sinceridade, linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhe, não tendo nenhum mal que dizer de nós.” Tt 2:7,8

4 – Paulo orienta a Timóteo a não ensinar outra doutrina. 1 Tm 1:3,4

5 – Nos últimos dias surgirão homens ensinando doutrinas de demônios. 1 Tm 4:1

6 - “Conservas o modelo da sã doutrina...” 2 Tm 1:13

7 – O obreiro deve manejar bem a Palavra. 2 Tm 2:15 (Obreiro: todo crente)

8 - “Tu, porém, tens seguido a minha doutrina...” 2 Tm 3:10

9 - “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça; para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.” 2 Tm 3:16-17

10 - Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências.” 2 Tm 4:2-3

Diante de tantas mudanças e inovações, nunca podemos deixar de pregar e ensinar a Palavra de Deus. Aquele que prega a Palavra não precisa de invencionices, pois ela mesma produz por conta própria, pois disse o Senhor: "Assim será a minha palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei." Is 55:11


Em Cristo, Vencedor para sempre!!!

Samuel Eudóxio


Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.
Isaías 55:11


Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.
Isaías 55:11