segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Quatro práticas da igreja primitiva que não podem ser esquecidas - Parte 2


Comunhão - Koinõnia
"E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações". Atos 2:42


Dando continuidade as postagens de At 2:42 falaremos sobre comunhão.
Entre os muitos termos usados na Bíblia para a palavra comunhão, trataremos com o termo básico. No Novo Testamento, o termo variado traduzido como “comunhão”, “participar”, “contribuir”, “comum”, etc, origina-se da raiz grega koin.  Existem dois adjetivos, koinõnos (encontrado 10 x), e synkoinõnos (encontrado 4 x), que também são usados como substantivos; e existem dois verbos koinõneõ (8 x) e synkoinõneo (3 x); e semelhatemente o substantivo koinõnia (20 x).

Nosso objetivo na postagem não é nos apegarmos a termos gregos que originaram a palavra comunhão, mesmo porque, isto seria papel de um bom professor da língua ou conhecedor profundo dela, o que não é o nosso caso. Porém, sempre que estudamos a Palavra de Deus nos deparamos com palavras que se não recorrermos às suas origens nunca teremos um entendimento exato, ou pelo menos parcial, daquilo que a Escritura está falando. É desejo de quem vos escreve aprofundar no estudo destas línguas tão logo o Senhor me conceda esta oportunidade. Para o estudo em questão quero considerar koinõnia nos seguintes significados:

1 – “Receber uma partilha”

Com este significado podemos classificar, em primeiro lugar, os adjetivos que são usados para descrever sócios num empreendimento comum, por exemplo, a obra cristã (2 Co 8:23) e negócios seculares (Lc 5:10); ou para descrever aqueles que participam de uma experiência comum, por exemplo, perseguição (Hb 10:33; Ap 1:9); sofrimento (2 Co 1:7); adoração (1 Co 10:18), etc. Podem significar também aqueles que desfrutam em comum de certos privilégios, como é o caso de Rm 11:17. Há referências a uma participação comum nas realidades espirituais diretas em Fp 1:1; 1 Pe 5:1 e 2 Pe 1:4. 

“Comunhão” é participar com o outro em suas tribulações. Não apenas nos bons momentos, nas alegrias. Mas quando nosso irmão em Cristo passa por momentos difíceis, devemos auxiliá-lo. Esse tipo de “comunhão” está em extinção em nossos dias. Paulo escrevendo aos coríntios nos dá uma palavra de incentivo para participarmos, termos comunhão no sofrimento de outro irmão: “como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação.” 2 Co 1:7. A luta do irmão ao nosso lado é nossa luta também, bem como nos alegramos também em suas vitórias. 

2 – “Dar partilha”

Os principais textos que apóiam koinõnia como “dar uma partilha” são: 2 Co 9:13 “pela liberalidade de vossos dons para com eles e para com todos”. “Contribuís” representa o grego tes koinõnias, que no contexto significa “generosidade”. Essa mesma tradução aparece em Fp 1:5, no qual o objeto da gratidão de Paulo a Deus era a generosidade dos crentes filipenses em seu apoio ao ministério apostólico, visando o progresso do evangelho. Tradução semelhante é usada em Fm 6.

Outra passagem que retrata bem esse significado de comunhão é Rm 15:26. Aqui o termo koinõnia torna-se prático, é a “comunhão” em ação, tendo como alvo a coleta que se fazia aos irmãos de Jerusalém. 2 Co 8:4. Dentro deste significado nós encontramos também o nosso texto base, Atos 2:42, que abordaremos a parte.

3 – “Compartilhar”

Sob este título, segundo o Novo Dicionário da Bíblia (Vida Nova), existem apenas três ocorrências possíveis, onde o termo koinõnia é usado de modo absoluto ou com a preposição meta (com). Essas ocorrências são: Atos 2:42; Gl 2:9 e 1 Jo 1:3.

4 – Koinõnia em Atos 2:42. Comunhão entre a comunidade cristã.

A koinõnia em At 2 :42 pode ser entendida num sentido absoluto, como parte essencial da vida de adoração. Havia quatro aspectos principais deste modo de vida. Neste caso koinõnia poderia ser traduzida “fraternidade litúrgica na adoração”. O termo expressa, no entanto, algo novo e independente. Indica a unanimidade e unidade levada a efeito pelo Espírito Santo. O indivíduo era completamente apoiado pela comunidade.

Sem dúvida, a igreja primitiva deve ter tido algumas preocupações financeiras. Os pescadores e camponeses que migraram na Galiléia teriam dificuldades em ganhar a vida na capital. Além disto, a situação econômica da Palestina foi se deteriorando por causa da fome e dos distúrbios contínuos. Sou sincero em confessar que já pensei que os crentes daquela época passaram por dificuldades financeiras por vender seus bens esperando a volta de Cristo para aqueles dias, culminando na dificuldade que sofreram. Hoje, volto atrás e sou convicto de que o empobrecimento da igreja primitiva não foi conseqüência do partilhar dos bens. Muito pelo contrário, a crise por que passava a Palestina levou a igreja a vender seus bens e partilhar uns com os outros para que todos tivessem como sobreviver. Quanta “comunhão”! As  coletas que Paulo trazia para Jerusalém eram expressão tangível da comunhão nas igrejas. A coleta tem implicações religiosas em 2 Co 9:13: “pela liberalidade com que contribuís (koinõnias) para eles e para todos”. A contribuição, pois, surge do evangelho único, que une judeus e gentios, e pertence ao mesmo dar e receber espiritual e material do qual Paulo fala em Rm 15:26.

5 – koinõnia é comunhão com Cristo

Paulo fala dessa comunhão com Cristo em algumas passagens. Vejamos: “a comunhão de Seu filho” (1 Co 1:9); “a comunhão do Espírito Santo” (2 Co 13:13); “a comunhão no evangelho” (Fp 1:5); “a comunhão da fé” (Fm 6);

Koinõnia em 1 Co 10:16 significa “participação” no corpo e no sangue de Jesus, e, portanto, união com o Cristo exaltado.

1 Pe 5:1 refere-se à participação pelo apóstolo e pela igreja no sofrimento e glória do Senhor ressuscitado. Qualquer pessoa que sofre perseguição e opressão por causa de seguir a Cristo pode ter a certeza de que ela atingirá, como seu Senhor, a vida, atravessando as tentações e a morte. O mesmo entendemos de Hb 10:33.

Conforme 2 Pe 1:4, os crentes são tornados “co-participantes da natureza divina”, “pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória” (v 3) e perseverança paciente.

Como vimos “comunhão” era algo essencial na vida da igreja primitiva. Sugerimos os estudo do assunto acompanhado de uma boa concordância bíblica e dicionários que poderão auxiliar na compreensão do assunto. Há outros termos que abrangem a palavra, porém achamos por bem adotar apenas os que foram expostos acima, que deduzimos ser de muita importância para uma boa saúde espiritual. 

Na próxima postagem falaremos sobre “o partir do pão” , dando continuidade ao estudo das “Quatro práticas da igreja primitiva que não podem ser esquecidas".


Em Cristo,

Samuel Eudóxio


2 comentários:

  1. PARABÉNS PELO BELO TRABALHO VARÃO
    DEUS O ABENÇOE HOJE E SEMPRE!
    ABRAÇO DE SEU COMPANHEIRO
    CONF.LUIS ENRIQUE!!!

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  2. Passei para desejar uma semana cheia de bênçãos de Deus. Abraços fique na paz do Senhor Jesus.
    www.mensagensedificantes.com

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