domingo, 15 de dezembro de 2013

A instabilidade do ministério integral atual



O grande desafio para jovens obreiros vocacionados ao ministério é se devem ou não “viverem da obra”. Constantemente encontros obreiros que se dividem entre as tarefas cotidianas, emprego secular e a obra ministerial, os chamados “obreiros de tempo parcial”. Estes, em seus tempos de folga dedicam-se a obra do Senhor, e não são poucos os que fazem uma grande obra, mesmo em tempo parcial. Por outro lado, há os “obreiros de tempo integral”, os que vivem do salário e sustento da igreja. É uma vida de desafios, fé, trabalho e confiança no Senhor.


O princípio do ministro assalariado está nitidamente esboçado por Paulo, em 1 Coríntios 9. A passagem Bíblica deixa claro que o ministro tem o direito de ser sustentado, para que possa devotar todo o tempo necessário ao ministério. É importante ressaltar que o ministro recebe o salário não porque é “ministro”, mas porque presta um serviço á Igreja do Senhor. Não são raros os pastores e missionários que abriram mão de bons salários e vida profissional para se dedicar unicamente a obra ministerial. Como não serem, portanto, assalariados pela igreja? Jesus ao enviar os setenta ensinou que “digno é o obreiro de seu salário” (Lc 10.7), e a igreja deve fazer o seu papel de manter os seus pastores em condições dignas de prestar-lhes o serviço sacerdotal. Mas, até onde o “ministério de tempo integral” é uma garantia para o pastor e sua família?


Que ministério não é cabide de emprego todos sabem, mas com toda certeza o serviço eclesiástico deve cercar o ministro de garantias para a sua vida futura. Conheço um bom número de pastores que estão a 30 (trinta), 40 (quarenta) anos no ministério. Abriram mão de tudo para cumprirem o seu chamado, sua vocação. Seria justo, no final da vida, esses obreiros serem desamparados ou esquecidos pela igreja a qual dedicaram toda a sua vida? Claro que não. Alguém pode questionar o porquê de muitos destes obreiros não construírem, eles próprios, uma garantia para o futuro. A resposta é simples. A maioria de nossos ministros vive com salários modestos, com o suficiente para a subsistência de sua família, diga-se entre R$700,00 e R$1.200,00. Agora, me diga, como um obreiro que ganha esse salário, criando filhos, será capaz de construir uma garantia para o futuro? Dificilmente. Não se engane, a vida da maioria dos ministros de tempo integral é modesta e cercada de necessidades, que são supridas dia a dia pelo Senhor. Não tenhamos em mente apenas o ministério próspero de poucos pregadores e tele-evangelistas. Na verdade, a vida do ministro de tempo integral atual está cercada de grande instabilidade, e porque não falar em incertezas. Por parte de Deus? Não, dos homens.


Hoje, meia dúzia de palavras é o suficiente para que um pastor seja retirado de sua função. Se o ministro não estiver pastoreando de acordo com o desejo do povo, este se levanta e pede a sua retirada da igreja local. Não precisa muito. Está comum grupos se levantarem nas igrejas para assumirem a liderança, e levarem as suas causas até mesmo na justiça, desapossando pastores e líderes de suas posições. Obreiros que não querem mais “deitar água” nas mãos de seus pastores (2 Rs 3.11), pelo contrário, juntam-se a congregação de Corá (Nm 16.1-3) e levantam-se contra a sua liderança. Infelizmente, muitas dessas vozes têm força em nossos dias, quer por causa das influências ou favores devidos, e a voz do líder é calada, e seu ministério desconsiderado. Com isto, pouco importa “os seus anos de casa”, serviços prestados ao Reino, sofrimentos por amor a causa de Cristo, a história passada, igrejas implantadas, projetos de sucesso, nada disto importa. Prevalecerá a voz da incompreensão e da ingratidão. O ministério de tempo integral é um desafio para poucos, pois que nem todos estão preparados para “tomarem o cálice” que estes homens de Deus têm tomado.


Pastores integrais, que o Senhor seja contigo nos dias maus que vivemos. Que a provisão de Deus esteja sobre a sua casa e sua família. Que a sua geração seja abençoada e protegida pelo Senhor. Não desanime em meio às crises. Não desfaleça diante das adversidades. Siga em frente, crendo que em meio a tantas instabilidades, o que vos chamou permanece Fiel (1 Ts 5.24) e completará em vós toda a boa obra (Fp 1.1-6). Permaneça fiel,  esperando firmemente aquele dia em que ouvirá do Senhor da Seara: “Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.” (Mt 25.21)

Em Cristo,

Samuel Eudóxio

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PREGA A PALAVRA – 2 Tm 4.2


Que Palavra devemos pregar?

1 – Palavra de Salvação

A – Zaqueu – Lc 19.9
B – Mulher pega em adultério – Jo 8
C – Mulher samaritana – Jo 4

2 – Palavra de Libertação

A – Endemoninhado gadareno – Mc 5. 1-20
B – Filha da mulher cananéia – Mt 15. 21-28
C – O ministério de Jesus foi marcado por Libertação - Is 61.1-3
D – Libertação vem pelo conhecimento da Verdade – Jo 8.32,36

3 – Palavra de Cura

A – Mulher com fluxo de sangue - Mt 9.20-22; Mc 5.25-34; Lc 8.43-48
B – Cego de nascênça – Jo 9.1-41
C – O homem trazido por quatro amigos – Mc 2

4 – Palavra de Poder

A – Não de mera filosofia – 1 Co 2.4
B – A Palavra da Cruz é Poder de Deus– 1 Co 2.2; Rm 1.16
C – Sinais e maravilhas – Hb 2.4; 2 Co 12.12; Mc 16.17,18
 
 
 Voltemos a pregar o Evangelho Cristocêntrico!
 
Em Cristo,

Ev. Samuel Eudóxio

sábado, 23 de novembro de 2013

JEFTÉ, O FILHO DA PROSTITUTA



              Jz 11



    O homem quase sempre escolhe pessoas cujas famílias são bem aceitas na sociedade, ou no meio em que vivem, para estar ao seu lado. Quase ninguém quer ter a companhia de alguém cuja família está passando por problemas na justiça, drogas, álcool, prostituição, ou outros problemas que poderiam manchar a sua reputação. Com Deus não é assim.

    Lendo a Bíblia você encontrará várias pessoas que tinham tudo para ser um fracasso na vida, mas que Deus mudou a sua história. Deus não vê como o homem (1 Sm 16.7), pois este sempre vê o exterior, mas Deus vê o coração, as nossas intenções. Jesus também, sendo Deus, olhava para as pessoas, e mesmo estas sendo pecadoras, perdidas, Ele dava-lhes atenção cultivando nelas o sentimento de valorização e utilidade (Jo 4; Jo 8.1-11; Mt 8.1-4; Jo 21.13-19; Mt 9.36; At 9.13-15). Deus não vê como o homem! Glória, pois, a Ele por isso!

    Em Juízes somos surpreendidos com um personagem que tinha tudo para “chutar o balde” e viver uma vida de ressentimentos, revoltas, e quem sabe acabar de maneira trágica. O nome dele é Jefté. Sua história está a partir do capítulo 11 de Juízes. O escritor chama-nos a atenção ao iniciar a história de Jefté citando duas qualidades dele: “valente e valoroso” (Jz 1.1).

   Há muitos que estão rodeados de pessoas de boas qualidades, talentos, dons, capacidades, são pessoas agradáveis, mas que ao ouvir sua história, quem sabe sua origem, o seu juízo de valor a respeito daquela pessoa muda de imediato. Jefté tinha qualidades, “era valente e corajoso, porém filho de uma prostituta” (v. 1), e por ter nascido nestas condições seus irmãos o repeliram e lhe disseram: “Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher”. Mas Deus não vê como o homem!

     A Bíblia nos diz que Jefté fugiu de casa e se ajuntou a ele homens levianos (Jz 11.3). Isso me faz lembrar de outro grande homem de Deus chamado Davi, que ao fugir de Saul para a caverna de Adulão, “ajuntou-se a ele todo homem que se achava em aperto, e todo homem endividado, e todo homem de espírito desgostoso, e ele se fez chefe deles” (1 Sm 22). Mas isso é assunto para outra ocasião. Mas há algo em comum entre os dois. Ambos foram desprezados, tinham um chamado e sabiam lidar com pessoas problemáticas. Jefté trabalhou o seu problema pessoal, foi moldado para ajudar os outros a resolver os seus problemas, se destacou-se como líder deles e estava pronto para ser usado por Deus no momento certo e na hora certa. E esta hora estava por chegar.

     Passados os dias, o exército de Amom combateu contra Israel. O exército desesperou-se porque não havia guerreiros capazes de lutar e garantir a vitória do Povo Escolhido. Era o momento e a hora de Deus usar Jefté, e diante do aperto “foram os anciãos de Gileade buscar Jefté na terra de Tobe” (Jz 11.5). Era Deus honrando o filho da prostituta. Deus não vê como o homem!

     Naquela batalha contra Amom, Jefté tentou resolver a questão de forma diplomática para evitar o derramamento de sangue, mas sem resultados positivos. A guerra seria a única saída, e para isso “o Espírito do Senhor veio sobre Jefté, e atravessou ele por Gileade e Manassés; porque passou até Mispa de Gileade e de Mispa de Gileade passou até aos filhos de Amom. Assim Jefté passou aos filhos de Amom a combater contra eles; e o Senhor os deu na sua mão” (Jz 11.29,32). Deus deu a vitória ao povo de Israel através das mãos do filho de uma prostituta. Deus não vê como o homem!

   “Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes” (1 Co 1.27). Não importa os problemas que você esteja passando ou já passou. Não importa se sua origem ou sua família seja a mais humilde. Não importa a sua posição social. Não importa se você é um daqueles que como Jefté foi excluído por causa de preconceitos ou algum juízo de valor mal formulado que fizeram de você. Para Deus não importa de onde você veio, mas as suas convicções de para onde você vai. Creia que Deus pode valorizar o que ninguém dá valor, e usar para seus propósitos as “coisas vis e desprezíveis deste mundo” ( 1 Co 1.28). Ele fez isso com Jefté e pode fazer com você também.

Em Cristo,

Samuel Eudóxio


           

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Samuel Eudóxio: DÉBORA: QUALIDADES DE UMA MULHER VITORIOSA

Samuel Eudóxio: DÉBORA: QUALIDADES DE UMA MULHER VITORIOSA: Juízes 4 e 5 1 – Era profetisa. (v. 4). As mulheres tem a boa fama de serem as colunas de oração de muitas igrejas. Mui...

DÉBORA: QUALIDADES DE UMA MULHER VITORIOSA



Juízes 4 e 5


1 – Era profetisa. (v. 4). As mulheres tem a boa fama de serem as colunas de oração de muitas igrejas. Muitas delas são vasos de Deus usadas em dons espirituais.

2 – Julgava Israel. (v. 4). Sabia decidir com justiça. Há mulherres que não conseguem escolher a própria roupa. São indecisas, inconstantes. Não era o caso de Débora.

3 – Tinha poder de mobilização. (v.6). Quando não se pode, ou não se sabe fazer, o minímo é mobilizar. Reunir pessoas em torno de um propósito.

4 – Era uma mulher de coragem. (v.6). Ela tinha ciência da grandeza do inimigo, mas não se intimidou diante dele.

5 – Tinha a confiança de seus liderados. (v. 8). “Se você for, eu vou.” Isso demonstra exemplo a ser seguido. O líder é alguém que você tem prazer em seguir suas pisadas. É o espelho dos liderados.

6 – Tinha disposição para o serviço. (v.9,10)

7 – O Senhor era com ela. (v. 9,14)

8 – Tinha um coração grato e adorador. (Jz 5). Após a vitória louvou ao Senhor agradecida pelos Seus feitos.


Conclusão: Que a vida das mulheres cristãs sejam pautadas segundo os princípios da Palavra de Deus, e que sejam exemplos na vida espiritual, incentivando os mais fracos, e auxiliando na obra do Senhor.


Em Cristo, 

Ev. Samuel Eudóxio


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Polegares amputados


      Jz 1.5-7

     Cada membro de nosso corpo tem um significado muito especial. Você já teve alguma unha “encravada”? Eu já. Não queira saber como incomoda. O seu melhor sapato torna-se o maior inimigo. Nestas horas nada como um bom chinelo enquanto a unha não se cura. Depois de muito sofrer resolvi me submeter a uma cirúrgia para retirada da unha. Enquanto o dedo estava sob o efeito da anestesia não houveram problemas. Em casa, o efeito passou, e a dor era tão grande que eu mal consegui dormir a noite. Pude ver a importância que tem até mesmo os menores membros de nosso corpo. Eu perdi apenas uma unha, que com o tempo voltou a crescer. Já imaginou perder o polegar inteiro?
Adoni-Bezeque era um rei cananeu que capturava seus inimigos e cortava-lhe os dedos. Ele mesmo disse que pelo menos setenta reis tiveram os dedos polegares das mãos e dos pés cortados por ele (Jz 1.7). Era uma forma cruel de tratar os inimigos, expondo-os a humilhação e vexame. No final de sua vida, este rei perverso teve o mesmo fim ao ser capturado por Judá. Este episódio tem uma mensagem para os nossos dias.
      Por menor que seja, cada membro tem a sua importância. Ao ler esta passagem bíblica nesta manhã, passei a considerar as funções dos polegares das mãos e dos pés. Se você observar o dedo polegar das mãos, eles são os únicos que estão em oposição aos demais dedos, por isso é chamado também de “polegar opositor”. Isso não é sem motivo. Observe que devido a sua posição o polegar da mão toca nos outros dedos com facilidade. Por isso, é muito fácil você segurar ou agarrar objetos com o auxílio do polegar. Já tentou fazer isso sem esse dedo? Tente. A mínima atividade torna-se incomoda. Pegar um lápis já não é tão simples. Abrir um pote de iogurte é um desafio. Outra função importante do polegar da mão é a identificação. Nele está a digital que te identifica como pessoa civil. Esta digital é única. Entre bilhões de pessoas no mundo, você é único, e perante a justiça isso é confirmado pela sua digital. Os polegares dos pés não tem menor importância. São muito especiais.
      Este texto não se propõe a explicar cientificamente as funções dos dedos. Por isso, restrinjo-me a função do polegar dos pés como o dedo responsável pelo equilíbrio do corpo. Tente andar sem usar os polegares dos pés. Você fica cambaleante. Anda manquejando, como alguém que está prestes a cair. Já não ficou tão difícil de entender o porquê de Adoni-Bezeque cortar os polegares de seus inimigos. Os reis sem polegares ficavam à mesa de Adoni-Bezeque comendo de suas migalhas, sem conseguirem ficar de pé, além de terem perdido a sua identidade. Satanás tem tentado fazer o mesmo em nossos dias.
      Assim como Adoni-Bezeque, o inimigo de nossas almas tem tentado cortar o polegar espiritual de muitos crentes. Há muitos em nosso meio que estão na igreja, mas não conseguem segurar as bençãos e promessas de Deus para suas vidas. Não retem a esperança (Hb 6.18) que é a “âncora” da nossa alma, que nos segura firmes na presença de Deus, e levá-nos a ter comunhão além do véu, onde Cristo está assentado (Hb 6.19,20). Você precisa ter firmeza ao segurar as promessas de vida eterna. Não perca a esperança por nada. Há pessoas que as delícias do evangelho deslizam por entre os seus dedos porque faltam-lhe firmeza nas mãos para segurar as promessas. Outros há que já perderam a sua identidade de cristão, já não são o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13,14). Já não se identificam como filhos de Deus porque perderam a sua identidade. Faltam-lhes os polegares, não só os das mãos, mas também dos pés.
      O andar cambaleante de um crente demonstra que seu polegar pode ter sido amputado. Não há constância no andar. Um dia está de pé, no outro caído. Um dia tem equilíbrio, no outro anda como um ébrio. Salomão diz em Provérbios que o ímpio está amarrado em seus próprios pecados, morerá por falta de controle, “andará inseguro e cambaleante” (Pv 5.22,23). O pecado faz com que o homem perca o controle de seu próprio corpo. Não consegue ser nem dono de si. Não sabe de onde vem, nem para onde vai.
      Paulo, na Carta aos Romanos, diz que há uma beleza nos pés daqueles que anunciam boas novas (Rm 10.15). Aqueles que olharem em nossas pisadas tem que ver as marcas de um verdadeiro servo de Deus. Falando ainda de pés, Paulo escreve aos Efésios exortando-os a calçarem os pés na preparação do evangelho da paz (Ef 6.15). Nossos pés são importantes, o nosso andar na presença de Deus muito mais.
      Satanás está querendo amputar seus polegares para te trazer insegurança e desiquilibrio na vida espiritual. Mas Deus está cuidando dos seus servos, Ele os tem sustentado em “Suas mãos para que não tropeces com o teu pé em pedra (Sl 91.12), e mesmo que seu pé tenha vacilado a misericórdia e a beniginidade de Deus o susterá (Sl 94.18). 

 Em Cristo,

Samuel Eudóxio

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Não faça do monte um oráculo.

Fiz duas postagens no Facebook dizendo que estaria "indo para o monte", e que teria passado lá a noite toda. Pois bem, muitos irmãos e amigos entenderam o meu senso de humor, e descobriram facilmente sobre qual monte eu me referia. As postagens foram propositais, e serviram como uma "isca" para chamar a atenção para esta. Aqueles que tem convivido comigo nos últimos anos sabem bem a minha opinião sobre orar no monte. Ouve-se de tudo acerca do assunto.
Sinceramente, não vou a montes a anos. Creio que o último foi no princípio de minha fé. Já ouvi e presenciei muita coisa sobre "orar em montes". Gravetos em fogo, "unção do riso", irmãos que caíram em buracos (literalmente), cavalo que assoprou a orelha de um irmão, entre outras. Mas no meio de tanta história, a que mais preocupa é fazer do monte o único lugar onde Deus fala. Tenho vários amigos que tem a prática de orar em montes, e que fique claro que não estou contra nenhum deles. Mas um esclarecimento sempre é bom.
Há aproximadamente 15 anos (meu Deus, como o tempo passa!!!), fazíamos uma campanha na ADIMMREI, pastoreada por meu amigo Pastor Benigno Mariangela Bianchini, em que vários cultos eram realizados no templo, e a campanha era encerrada em um monte na área urbana da cidade. Era como um culto ao "ar livre", com a presença do pastor, ministério, e toda a igreja, com duração aproximada de 02 horas. Eram cultos abençoadissimos. O povo falava com Deus, e Ele falava com o povo. Eram realizadas orações especificas, pelas famílias, autoridades, pela cidade, e de acordo com as necessidades dos presentes e da igreja. Era tudo com muita ordem e decência. Bons tempos aqueles! Mas não é sempre assim.
Observa-se que quase sempre as autoridades eclesiásticas não estão com o povo no monte. Há vários trabalhos no monte sem a supervisão de um pastor ou líder da igreja. É onde mora o perigo. Aprendi que se você vai fazer uma coisa e não tem a bênção de seu pastor, melhor que não faça. Mas e aí, orar no monte chega a ser um pecado? Sou contra ou a favor? Devo ou não devo? Vejamos algumas questões.

1 - Segurança: na minha profissão mesmo já me deparei com diversos irmãos orando em montes e lugares frequentados por traficantes e usuários de drogas. Há casos de irmãos e irmãs atacadas por infratores.

2 - Misticismo: é muito comum as pessoas pararem em pé do monte e orarem antes de subir, pedindo perdão dos pecados, santificando-se diante de um monte de terra, tornando o lugar santo. Sua vida tem que ser santa em toda maneira de viver. Além, é claro, de várias aparições de luzes, gravetos pegando fogo, etc. O místico está sempre em busca de mistérios, e algo que possa encontrar Deus através de uma experiência direta e intuitiva.

3 - Heresia: você sabia que o mormonismo de Joseph Smith Jr. começou quando esse homem estava orando no meio do mato? Um anjo chamado Morôni se apresentou e...você sabe no que deu. "Bem, lugares assim costumam reunir pessoas voltadas ao misticismo, desprovidas de discernimento espiritual, sendo presas fáceis de espíritos enganadores e doutrinas de demônios (1 Tm 4.1; Gl 1.". (Ciro Sanches Zibordi).
Olhe esse relato de João Wesley, que ele escreveu em seu diário no dia 09 de maio de 1740, uma sexta-feira: "Uma parte dos domingos eu e meu irmão costumávamos passar passeando pelas campinas e cantando salmos. Mas um dia, justo quando estávamos começando a cantar, ele caiu na gargalhada. Perguntei-lhe se estava ficando louco; e fiquei muito irritado, e logo depois comecei a rir tão alto como ele. E não conseguíamos refrear-nos, apesar de quase nos despedaçarmos, porém fomos forçados a ir para casa sem cantar mais nada." Dias depois o fenômeno aconteceu na própria igreja, e Wesley relata. "Quarta-feira, 21 de maio de 1740: evidentemente estava convencido de que o riso era tão inútil que presumivelmente era demoníaco."

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O que é o pecado segundo a Bíblia? Qual a solução apresentada por Deus para o pecado?


1 João 1



Tácito da G. L. Filho em seu livro “O homem em três tempos” cita o teólogo Emery. H. Bancroft:

“Um acontecimento é uma coisa tão óbvia, como o sol quando brilha como o carvão e sua negrura, como a neve e sua brancura, como o fogo e seu calor, como a calhandra e seu vôo, como o mar e seu movimento, e como a violeta  e seu perfume. O pecado é uma coisa que existe, na realidade, seja latente nos vulcões adormecidos da natureza humana, seja patente na devastadora paixão ardente do homem.”
Alguns termos para pecado no Antigo Testamento:
 
A – “Chata” – É a palavra mais característica e significa errar o alvo. É a palavra hebraica que designa o pecado em geral; o pecador erra o alvo, desvia-se do caminho que Deus coloca diante dele. O homem se inclina a errar o alvo, ele deseja; há uma disposição nele p´roprio que o leva a errar o alvo. Este termo é usado para demonstrar tanto a disposição para pecar como o ato resultante. Gn 4.7; Lv 4.22,24; 16.21; Sl 1.1; 51.4; 103.10; Is1.18; 38.17; Dn 9.16; Os 12.8


B – “Pasha” – transgredir, invadir, ir além, rebelar-se. O homem forçou e foi além dos limites estabelecidos pela justa lei de Deus. Gn 31.36; 50.17; Ex 22.8; 1 Sm 24.12


C – “Rasha” – significa ser ímpio, ser solto ou mal ligado; ser ruidoso ou tumultuoso. A pessoa desconjuntada é anormal, cambaleia, balanceando a cabeça; no sentido espiritual o pecador também é assim: ele cambaleia, treme e se arrasta. Is 57.20,21; Sl 18.21; Ml 3.15,18


D – “Ma’al” – significa transgredir; ser culpado de quebrar uma promessa ou não cumprir a palavra; envolve infidelidade e traição. Ás vezes significa que o homem planeja a traição, ou a quebra de sua palavra contra Deus e sua elevada vocação. Lv 16.16,21; 26.40; Nm 5.6; 31.16; Dt 32.51; 2 Cr 26.18; 29.6


Outros termos: “Ra’a” (ser mau, quebrar ou danificar por métodos ou meios violentos – Gn 2.9; Ex 33.4; Pv 1.16); “Avah” (perverso; entortar ou torcer a lei de Deus – Gn 15.16; Ex 20.5; Lv 26.40; 1 Sm 3.14; Jó 20.27; Jr 2.22); “Ramah” (enganar; derribar; prender na armadilha – Sl 32.2; 34.13; 55.11; Jó 13.7; Mq 6.12); “Pathah” (seduzir; ser aberto – Dt 11.16; Jó 31.27; Sl 76.36; Pv 1.10; 16.29)


Alguns termos para pecado no Novo Testamento:
 
A – “Adikia” – significa injustiça, maldade, incorreção, praticar más obras. 2 Co 12.13; Hb 8.12; Rm 1.18; 9.14; 1 Jo 5.17


B – “Hamartía” – palavra mais usada no NT; é a que melhor se traduz por pecado; significa transgredir, praticar más obras, pecar contra Deus. Hb 1.3; Mc 2.5; Jo 9.41; Rm 5.12; Hb 3.13


C – “Anomía” – ilegalidade, insubordinação, desenfreiamento. Rm 6.19; 


D -  “Apistía” – infidelidade, falta de fé ou resistência á fé com obstinação. Rm 3.3; Hb 3.12; 1 Tm 1.
13.

E – “Asebia” – impiedade ou falta de reverência. 2 Tm 2.16


F – “Aselgeia” – licenciosidade, relaxamento, sensualidade. Jd 4


G – “Epithumía” – desejo (somente o contexto pode indicar se o desejo é bom ou mau). Aparece em Lc 22.15 e Tg 1.14, indicando que o desejo em si não é mau; o é somente quando envolvido pelo egocentrismo, por uma relação inadequada com Deus, outras pessoas ou outros interesses.


H – “Ejthra” – sentimentos ou ações hostis, ou seja, inimizade. Tg 4.4; Ef 2.14-16;; Rm 8.7


I – “Kakía” – perversidade ou depravação oposta á virtude; descreve o caráter e a disposição e não somente o ato exterior do pecar. 1 Pe 2.16; Mt 6.34


J – “Parábasis” – termo usado somente umas oito vezes no NT; significa transgressão, passar os limites, violar a lei, consciente ou voluntariamente. Rm 4.15; 5.14; Hb 2.2; 1 Tm 2.14


L – “Poneria” – perversidade, baixeza, malícia, é semelhante a “kakía”, e aparecem juntas em 1 Co 5.8

Em suma, pecado é errar o alvo proposto por Deus, perder o foco de nossa santidade. É desviar dos retos caminhos do Senhor. É aborrecer a Deus. O pecado afasta o homem de Deus; faz divisão entre a criatura e o criador, de maneira que torna-se um bloqueio impeditivo para a resposta de Deus até mesmo ás nossas orações (Is 59.1-3). Pecar é manchar a alma, como uma nódea. Pecar é praticar atos contrários á fé cristã. É dizer que está com Cristo e não andar com Ele. É andar segundo a carne e seus desejos e não segundo o Espírito (Gl 5.16,17). Pecar é morrer espiritualmente (Rm 6.23).


O que João diz acerca do pecado e a solução apresentada pela Palavra de Deus.
 
A – Deus é luz, e nos chama das trevas para luz. 1 Jo 1.5,6; 1 Pe 2.9

B – Quem diz que tem comunhão com Deus deve abandonar as obras das trevas, o pecado. 1 Jo 1.6

C – O “andar” na luz é um estilo de vida com santidade; sempre; constante. 1 Jo 1.7; 2 Jo 6; Sl 1.1; Jó 1.8

D – A vida de santidade leva-nos a ter comunhão com os irmãos; quem vive em pecado evita a comunhão com os santos. 1 Jo 1.7

E – O pecado leva a ausência da comunhão com Deus. Há uma condição para se ter comunhão com Deus: “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está...”. Precisamos andar na direção do Senhor, conforme Sua Palavra. Não tem como andarmos nas trevas, enquanto Deus é luz, e dizermos que temos comunhão com Ele. O homem entregue ao pecado está alienado da vida de Deus (Ef 4.18); alienado da comunidade do povo da aliança (Ef 2.12; 1 Jo 1.7); alienado das exigências de sua própria consciência (Cl 1.21).

F – O sangue de Jesus é o agente purificador de nossos pecados. “Todos”. 1 Jo 1.7

G – O homem que diz que não tem pecado, engana-se a si mesmo. Os gnósticos acreditavam que todo pecado cometido na carne não era considerado ofensa contra Deus. Portanto, praticavam todo tipo de iniqüidade possível e diziam: “Não temos pecado.” 1 Jo 1.8

          Precisamos ter cuidado para não nos iludirmos e negarmos nossos pecados. Quanto mais  os vemos, mais devemos estimar e valorizar a correção.

H – Devemos confessar constantemente nossos pecados ao Senhor e crer no seu perdão. 1 Jo 1.9

          O cristão deve reconhecer e confessar seus pecados a Deus. Se não o faz, ele corre o risco de se “acostumar” com a vida pecaminosa e não dar mais ouvidos ao Espírito Santo que o chama ao arrependimento e concerto. Não podemos correr o risco como Faraó que escolheu passar mais uma noite com as rãs (Êx 8.1-15). As rãs estavam em toda parte, nos dormitórios, nas camas, nos fornos de pães, nas amassadeiras, na casa dos senhores e dos servos. A praga era geral. Moisés propõe a Faraó que oraria e as rãs iriam embora, e pergunta quando poderia orar. Faraó responde: “Amanhã.” Existem pessoas que já se acostumaram com o pecado e o tratam como parte de suas vidas, e estão sempre adiando o momento de abandoná-lo. Perdão de pecados não é para amanhã, é para agora. Há perdão agora, “se confessarmos” os nossos pecados, pois Jesus “é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça”. (1 Jo 1.9)

I – A negação de nossos pecados é anular a cruz e a Palavra de Deus. 1 Jo 1.10

          O próprio Deus disse que “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8.21). falar que o homem não tem pecado é negar a afirmativa do próprio Deus e desprezar o meio que Ele mesmo proveu para remissão da humanidade, o sacrifício do próprio Filho. Dizer que não tem pecado é abandonar todos os princípios e efeitos da Palavra de Deus em nós. A Bíblia, de Genesis a Apocalipse, aponta o homem como pecador e o sacrifício de Jesus como o único meio de salvação do homem. Negar o pecado é dizer-se auto-suficiente, independente de Deus e alienado de Sua Palavra.

J – O cristão  tem Jesus como seu Advogado e propiciação, caso incorra em pecado e no erro. 1 Jo 2.1,2

          O propósito de João é manter seus leitores afastados do pecado, mas sabe que em algum momento poderão pecar. Por isso, ele apresenta a dupla provisão de Deus para restaurar os cristãos pecadores. Primeiro, Ele nomeou Jesus como nosso Advogado. Segundo, como propiciação pelos nossos pecados (Rm 3.25). A figura e papel de um advogado é bem conhecida por todos. Seu papel é defender o réu diante de um juiz, anular a pena proposta por lei. E a propiciação?

          Propiciação vem da palavra grega “hilasterion”, é aquilo que expia ou propicia. Essa palavra tem referência com o lugar da propiciação, mais conhecido como o propiciatório (Hb 9.5). O propiciatório era a cobertura ou a tampa da Arca do Concerto do povo de Israel. No dia da Expiação (Lv 16.14), o sumo sacerdote, representando a si mesmo e o povo, entrava no Santo dos Santos (Lugar Santíssimo), tendo nas mãos uma bacia contendo o sangue do animal morto para expiação. Depois de chegar ao Lugar Santíssimo, e depois de todo o propiciatório ter sido coberto pela fumaça do incenso, o sumo sacerdote molhava o dedo no sangue e aspergia o propiciatório. Figuradamente, Cristo entrou no lugar Santíssimo como sumo sacerdote (Hb 7.25-27), e com seu próprio sangue cobriu (expiou) os nossos pecados da presença de Deus (Hb 9.11,12)

          O termo propiciatório é também entendido como o modo de acalmar, aplacar a ira divina, e isto só o sangue de Jesus foi capaz de realizar.

          Portanto, Jesus é o nosso propiciatório, o lugar onde nossos pecados são apagados. Essa operação expiatória independe de atos humanos, visto que nada podemos fazer para escapar á justiça de Deus. É um ato de justiça que só o Filho de Deus pode fazer (1 Jo 4.10).

        Iniciamos descrevendo o pecado do homem e sua incapacidade de resolver, sozinho, sua situação espiritual diante de Deus. Terminamos apresentando Cristo, “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). Ele é a nossa Reconciliação com Deus (Ef 2.13-19).

          Até aqui vimos que João apresentou Jesus não só como homem, mas também como verdadeiro Deus, apontou o homem como pecador e lhe apresentou a solução dos pecados através do Sangue de Jesus. Agora, João chama os seus leitores para um grande desafio: viver a Palavra, e não apenas professá-la.

Em Cristo,

Samuel Eudóxio